“...E a Palavra se fez carne” | 12/01/2011 18:28:51 |
“A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” foi o tema do Sínodo sobre a Palavra, acontecido em Roma, em outubro de 2008, recordando que “a Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela”. O Papa Bento XVI apresentou, recentemente, a Exortação Apostólica Pós-sinodal, Verbum Domini, que significa a Palavra do Senhor, referente ao Sínodo anteriormente ocorrido. O Santo Padre recorda que a Palavra de Deus na vida da Igreja Católica precisa ser redescoberta na sua centralidade, na sua urgência e na sua beleza. O documento pontifício é profundamente rico em conteúdo bíblico-teológico, como é peculiar ao Papa Ratzinger; didaticamente, sistematizado, e ao mesmo tempo escrito em linguagem relativamente acessível a todos os fiéis. Toca temas importantes para a Igreja, hoje, como a relação entre exegese e teologia, bem como a Palavra de Deus, a Liturgia e a Leitura Orante da Bíblia. Forte também é o apelo que o Papa faz pelo respeito aos direitos e deveres da população no que diz respeito à liberdade religiosa, ao professar a fé, e à consciência. O documento divide-se em três grandes partes. A primeira parte intitulada, Verbum Dei, a Palavra de Deus. Nosso Deus é um Deus que fala e se manifesta: “No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (...) e o Verbo fez-se carne” (Jo 1,1-14). Aqui, o papa refere-se ao grande impulso que o Concílio Vaticano II deu à redescoberta da Palavra de Deus na vida da Igreja, recordando que “o cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo, na pessoa de Jesus Cristo. Portando a Sagrada Escritura deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus”. A segunda parte intitulada, Verbum in Ecclesia, a Palavra de Deus na Igreja. “A todos os que O reconheceram, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12). O Papa discorre sobre a relação da Palavra de Deus com a liturgia, ressaltando propostas concretas para vida pastoral paroquial da Igreja, como a correta preparação dos leitores (as), que devem ser “verdadeiramente idôneos e preparados com empenho” (n. 58), pede que “se melhore a qualidade” das homilias, evitando-se “homilias genéricas e abstratas” ou “divagações inúteis” (n. 59); que sejam criados “Diretórios homiléticos”, que não se substituam as leituras da Bíblia por outros textos; que se mantenham os momentos de silêncio; que se tenha uma “atenção particular” com aqueles que não podem ver nem ouvir. Por fim, apresenta uma menção especial à Leitura Orante da Bíblia, que “é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva”. (n.87). A terceira parte intitulada, Verbum Mundo, A Palavra no mundo, “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (Jo 1,18). É a missão; pois a Igreja é essencialmente missionária e é da Palavra de Deus que deriva a sua missão. O Papa reafirma a necessidade de revigorar, na Igreja, a consciência missionária, reafirmando que a missão de anunciar a Palavra de Deus é de todos os batizados. Todos são enviados a anunciar a Boa Nova tanto àqueles que são “batizados, mas não suficientemente evangelizados” como ao mundo em seus diversos e complexos espaços e setores da vida social (n. 93). A nova Exortação Apostólica, Verbum Domini, publicada cinquenta anos após a Dei Verbum, Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II (1965), retoma e avança na mesma direção, propondo a “Animação Bíblica da Pastoral”. Com a Bíblia na mão, a Palavra de Deus no coração e com os pés na missão, deixemo-nos cativar pela Palavra, para que dela sejamos servos (as). “Para que todos tenham vida”. Dom Juarez Sousa da Silva |